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LESS JOBS MORE GATES

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Garon Piceli
jul. 8 - 4 min de leitura
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Eu nunca fui um curioso da biografia de Bill Gates até o documentário da Netflix "O código Bill Gates", disponível desde outubro de 2019. Por outro lado, já li e reli a biografia de Steve Jobs escrita por Walter Iaacson algumas vezes, tanto que é o livro que sustenta meu monitor no trabalho. Também assisti todos os filmes que contam a sua história. Sei dos detalhes da criação do iPhone, da Pixar, de como ele fez as Apples Stores e planejou o lançamento do iTunes, por exemplo.

Bom, que Jobs era um cara fora da curva, não tenho nenhuma dúvida. Foi um revolucionário, mas a história e o tempo estão aí para fazer a gente ter uma leitura muito mais sensata das coisas.

Se ontem eu admirava a disciplina orientalizada de um hippie-drogado-vegano-da-Califórnia, hoje eu passo a flertar com a inteligência e constância emocional que Bill Gates demonstrou ter todos esses anos.

Steve Jobs era tão obcecado pelo seu modo de viver e consumir apenas frutas, em uma dieta super restritiva, mas que ele achava que era super saudável, que isso pode ter provocado a sua própria morte (como você pode descobrir assistindo o documentário Autópsia de Famosos: Steve Jobs).

Também coloco em foco a discrepância entre a imagem que Jobs vendia da Apple - assegurando que a empresa queria fazer um mundo melhor - e as penosas condições sob quais se fabricavam alguns dos produtos da maçã. Documentos comprovam que pelo menos 20 empregados da Foxconn, que trabalhavam na linha de produção de iPads e iPhones cometeram suicídio. Jobs não teria perdido o sono por isso.

O senso de ética do fundador da Apple também cai em contradição quando são expostos esquemas financeiros destinados à evasão fiscal - como a criação de empresas de fachada na Irlanda.

O ponto que quero abordar é que é certo que Steve Jobs tratava a Apple como se fosse seu filho e o resto não se importava muito. Aliás, até a forma como ele reconhecer a paternidade de Lisa, sua filha, também deixa claro que até com um filho ele não tinha muito apreço.

Não quero pintar Steve Jobs de vilão, mas em tempos de rever comportamento e pensar no futuro como comunidade com responsabilidades, Steve estava muito preocupado apenas com a sua visão de mundo e em se tornar um gênio. É esse tipo de coisa que o efeito manada propaga, a gente não sabe muito bem, mas quando se toca estamos lá chamando o cara de visionário...

Por outro lado, Bill Gates, que criou muitos processos copiados por Jobs, mais preocupado com a matemática do que com a aparência, fundou uma das empresas mais bem sucedidas do mundo sem ter onde se balizar, também ajudou a própria Apple assegurando que seus produtos também funcionassem no Mac OS.

Bill criou uma empresa talvez não tão sedutora quanto a Apple, mas teve uma vida baseada em propósitos que hoje, com um mundo mais, digamos, altruísta, se conecta com os desafios atuais.

Enquanto hoje atravessamos a crise atual adotando medidas de saúde pública que visam conter a transmissão do novo coronavírus, existe um esforço global sem precedentes de pesquisa e desenvolvimento, no qual Bill Gates e sua esposa já lideram há algum tempo, não contra o coronavírus, mas contra a Influenza, HIV e a diarréia, esta última mata 2 milhões de crianças por ano.

No auge da Microsoft. No auge da fortuna e fama, Bill Gates entendeu, bem antes que todos nós, que cuidar do mundo é preservar a nossa sobrevivência. Coisa, talvez, que Jobs nunca entenderia - e que a Apple atual também nunca entendeu.

Steve, se vivo, talvez estivesse preocupado com o seus trabalhos enquanto Bill se ocupa hoje de abrir seus portões do conhecimento para todos nós.

Garon Piceli é diretor de marketing da Loumar Turismo de Foz do Iguaçu


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